quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Janela

Lá adiante, o olhar a partir do balão
Cá dentro, a clausura de freira
Fora, o pé que chuta a porta
Aqui, os olhos paralisados na barata
Ali, o focinho do rato pra fora do bueiro
E aqui, a escuridão sem legendas
Ao fundo, o passeio com Platão
Aqui dentro, a estrada sem mapa
Ao longe, a placa traseira do carro encolhendo
Fechada, a mão na mão do amigo
Na superfície, o herói sem escudo
Por dentro, o vão entre o coração e a boca do estômago
Ao longe, música que aquece a alma
E aqui, a galinha com o pescoço destroncado
Fora, os ingredientes que ainda não são bolo
Na intimidade, um olhar de garantias
É um torno que esmaga o coração
E um bilhete de loteria no bolso da calça

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