sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Água (ou Num Laivo de Benquerença)

Ora vem como goteira
Às vezes, qual tempestade
Tem dias em que é dor pouca
Mas pode ser rasgo na alma

Gota a gota, enche o peito
Castiga como enxurrada
Aí, dos olhos escoa
É enchente, é chuvarada
Vai, arrasta, esfarrapa
Não escolhe afeto nem mágoa
Leva tudo pela encosta
Só deixa terra arrasada

Com pouca desfaçatez
Você vem ver o que resta
Erodido, seco, mirrado
Seu riso árido qual vala

E eu peço a você que chova
Que garoe, que chuvisque
Quem sabe um leve borrifo?
Imploro que acabe o estio.

Um comentário: