Uma vez, fui a um casamento. Na hora de jogar o buquê, a noiva, muito minha amiga, olhou para trás, tentando se assegurar de onde eu estava. Virou-se de costas e jogou. Lá vinha ele em minha direção. Ergui os braços e quando tinha as flores quase na ponta dos dedos, passa uma freira feito um corisco. Ela agarrou o buquê e correu como jogador de rúgbi. A noiva arregaçou o vestido até os joelhos e lá se foi aos pinotes atrás da freira. Mas a essa altura, não valia mais – o buquê estava jogado e, o pior, pego. E a sentença proferida: eu ia ter que esperar uma freira se casar primeiro... Veja bem, não falo isso com ressentimento ou dor - não trocaria minha vida por outra. Essa história é surrealmente divertida.
Nunca mais entrei nesse jogo tradicional. A cada casamento, me chamavam para participar e eu até me juntava ao grupo, mas nem me dava ao trabalho de erguer os braços. E ainda dizia que o único sorteio que tinha ganhado era o do meu primeiro carro no consórcio – pagando o resto das prestações, é claro. E tinha a história do buquê e da freira. Isso faz mais de vinte anos.
Ontem fui a uma festa. Na hora do buquê, fui fazer volume no grupo da mulherada outra vez, só para não arranjar inimizades, até porque amo muito aquele casal. Fiquei bem no fundo, evitando a cotovelada de alguma companheira mais afoita. Lá da ponta, ela se virou e jogou. Ele vinha bem alto e... caiu aos meus pés. Não tive alternativa, finalmente agarrei o buquê.
Ocorre que a festa era de bodas de prata . E as flores? Bem, rosas e ... suspiros. Poético, não?