tag:blogger.com,1999:blog-77294115181011179772023-11-15T12:51:16.535-03:00No caminho para cáEscrevinhas, rabiscos, proposiçõesElidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-35479876365843260382012-10-09T22:51:00.000-03:002012-10-09T22:51:54.972-03:00Xodó<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Que lindo cãozinho!
É seu? Claudionor? É um lindo nome para um animal.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<span style="text-indent: 0cm;">Eu? Acho lindos,
gosto mesmo, é um amor incondicional. Ah, se os humanos amassem uns aos outros
como os cães, não concorda?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<span style="text-indent: 0cm;">Sim, a relação que
se estabelece é belíssima. Me emociona muito. E eles são charmosos, afetuosos,
dedicaaaados!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<span style="text-indent: 0cm;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<span style="text-indent: 0cm;">Eu? Não, não tenho.
Moro em apartamento. Vida louca, sabe? E faz cocô, fica o cheiro… A gente pisa
no caminho para o banheiro à noite.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Pois é.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Também tem o preço
da ração, da consulta, da tosa, do medicamento. Tá tudo pela hora da morte.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Pegar o Claudionor
no colo? Não, obrigada. Estou de roupa preta.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Ah, não solta pelo?!
É, mas tenho alergia, melhor evitar. Fico inchada, os olhos lacrimejam, eu
espirro, fungo, tusso. Um horror. E feridas se abrem nos braços. Pústulas! </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Não, prefiro também
não passar a mão na cabeça. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Que é isso? Ele tá
babando? Argh... Pára, cachorro, não chacoalha essa cabeça. Ai, minha calça de
veludo! </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Você não se importa de limpar? Toma um lenço... Você pega na baba, não
pega?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
É, é uma linda relação
que se estabelece. Que amor ele é, não?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-indent: 0cm;">
Ai, não, não sobe na
minha perna. Ei, ele me agarrou. O que ele tá fazendo? Larga, cachorro tarado!
Tô fora!</div>
Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-20156632406020357632012-09-18T04:04:00.000-03:002012-09-18T04:04:23.989-03:00- Ué, você não tinha parado de fumar?<br />
- Tinha, mas hoje resolvi parar de mentir.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-65984248423018420922012-08-26T01:56:00.000-03:002012-08-26T01:56:12.267-03:00Compaixão<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">- Já vem pedir, caramba! Não, não tenho moeda. Não, nem de cinco.
E aposto que essa muleta é alugada. Não, garoto, não gosto de bala, tenho
diabetes. E não sou da sua família.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Vrrummm...<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">- Credo, coitado!</span><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></div>
Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-19367300102318353872012-08-26T01:46:00.001-03:002012-08-26T01:46:35.700-03:00Inveja<br />
<div class="MsoNormal">
Olhou para baixo pelo canto do olho, torceu o ingresso na
mão esquerda enquanto subia para a galeria.</div>
Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-10300917201417606042012-08-26T01:45:00.000-03:002012-08-26T01:45:43.078-03:00Esperança<br />
<div class="MsoNormal">
Vou esperar que saiam só mais cinco ônibus do ponto</div>
<div class="MsoNormal">
Ah, mais três pessoas de tênis azul passarem. E aí, acabou!</div>
<div class="MsoNormal">
Só mais cinco faróis ficando verdes...</div>
<div class="MsoNormal">
Uma velhinha chamando um taxi. Em trajes menores. Esse vai ser
o sinal de que ele não vem...</div>
Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-37693834844610042222012-08-21T01:45:00.000-03:002012-08-21T01:47:09.947-03:00Hematófagos<br />
<div class="MsoNormal">
Ele entra no zoológico para receber informações oficiosas
que seriam entregues por um representante da concorrência, em ato flagrante de
espionagem industrial. O homem vestiria um safári cáqui e a senha era Muriçoca,
conforme informado em sigilo por seu chefe antes que ele deixasse o escritório.
O encontro estava agendado para acontecer próximo à jaula do ornitorrinco. Na chegada ao Parque, perguntou a um
segurança onde ficava o local e soube por um gigante combalido que o animal,
uma fêmea, morrera de paixão incurável e letal por um espécime afastado por
oceanos, num continente de mesmo nome.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Percebendo sua falta de opções, continuou na empreitada.
Refletiu que hoje em dia, ninguém é ridículo o suficiente para vestir uma roupa
daquelas em plena rua e sem, ao menos, a justificativa de uma festa a fantasia.
E saiu em busca do safári perdido, até perceber que, estando no zoo, essa era a
vestimenta de todos os monitores, justo para se diferenciar do público. Aproximou-se do primeiro monitor e cochichou:
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;">-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span>Muriçoca. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A resposta veio inclemente:</div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;">-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span>Perfeitamente, senhor. É interessante o senhor citar
justamente esse, pois os nomes variam conforme a região do Brasil. Há o mosquito e o pernilongo,
sendo que o primeiro se refere a pequenas moscas, como as Drosófilas,
enquanto que o segundo, além dessa denominação, é também referido como Muriçoca.
Na maioria dos estados da Região Norte, este pernilongo chama-se Carapanã.
É um inseto possuidor de probóscide picador adaptado para a sucção de líquidos
como néctar, seiva ou sangue. Suas fêmeas são também conhecidas como Melgas ou Trompeteiros.
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ele olhava para o homem com a boca entreaberta,
incrédulo. Onde estaria seu contato?? Buscava
uma brecha para interromper o discurso. Parecia que seu contendor tinha fôlego para
muito tempo... E, de fato, o rapaz prosseguia!</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: Vrinda, sans-serif;">-</span><span style="font-size: 7pt;"> </span>Mosquito vem do latim <i>musca</i>, enquanto o nome Pernilongo é uma
referência às suas longas pernas. Muriçoca, Meruçoca e Muruçoca são oriundos<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 7pt; line-height: 115%;"> </span>do tupi <i>Muri'soka</i>.
Como os outros membros da ordem Díptera, os mosquitos têm um par de asas e
um par de halteres, que são modificações das asas posteriores usadas como
órgãos de equilíbrio. Espécies como os <i>Anopheles</i> e
o <i>Aedes Aegypti</i> são vetores de
parasitas, respectivamente a malária e a dengue. Seu tamanho varia, mas é
raramente maior que 15 mm e seu peso é de apenas 2 a 2,5 mg. Conseguem
voar de 1,5 a 2,5 km/h e existem há 170 milhões de anos, desde o Jurássico Médio.
Gostaria de visitar alguma jaula de animais de sangue quente para observar as
muriçocas em ação em seu habitat?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;">-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span>Adoraria, mas não hoje. Infelizmente, estou em
uma mis... uma miss... uma mistura entre sonolência extrema e perplexidade
abismada ou algo assim. Mas a temática me interessou sobremaneira! Muito mesmo.
Muito grato!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao avistar o segundo safári, reduziu os riscos e pronunciou
a distância: </div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;">-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span>Mu-ri-ço-ca.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em resposta, seu interlocutor parecia falar a um marciano:</div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;">-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span>Os sin-to-mas da pi-ca-da cos-tu-mam sur-gir den-tro
de vin-te mi-nu-tos e po-dem cau-sar co-cei-ra por a-té dois di-as. São ra-ros
os ca-sos de cho-que ana-fi-lá-ti-co.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A explicação avançava para os casos de lesões abrindo
caminho para as bactérias no organismo quando ele saiu correndo. Ao longe,
ainda ouviu dizer que diabéticos são um grupo de risco para desenvolver...
nunca soube o que. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ele não podia voltar para o escritório sem o <i>pendrive</i>, pois muito dinheiro fora
investido na tramoia.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Depois de todo esse papo sobre insetos hematófagos, sentiu
uma coceira repentina nas costas e nas pernas. No braço esquerdo também. A essa
altura, ele se coçava todo, sem medo de reprimendas. Bem no meio de seu
alvoroço convulsivo, algo entre dança tribal e final de catapora, ouviu uma voz
ao seu lado:</div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;">-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span>Muriçoca?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ele respondeu sem se virar:</div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: "Vrinda","sans-serif"; mso-fareast-font-family: Vrinda;">-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span>Não, acho que é pulga mesmo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Entrou no banheiro à cata da tal pulga e só lá, no recôndito
da cabine, se deu conta do erro estúpido. Saiu parque afora, todo desfeito e
suado, cutucando homens de safári e gritando “Muriçoca! Muriçoca!”. Em sua
mente, só a cara do chefe. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sem sucesso, decidiu procurar o serviço de comunicação do
Parque e pediu que anunciassem pelos alto-falantes que ele procurava “um jovem
vestindo calças curtas, por alcunha Muriçoca”. E que, por favor, se dirigisse
ao balcão de informações. Nada...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ele já começava a se desesperar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O Zoo estava prestes a fechar quando ele pensou que seu
contato era o único ser cafona que ia cruzar o portão de saída em trajes
constrangedores. Bastava ele ficar ali, de butuca. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ainda assim, sabia que era melhor se garantir. Então, teve uma
ideia complementar. Desenhou uma placa vertical que começava com o texto </div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
MURI_ _ _ _</div>
<div class="MsoNormal">
(pra não dar na vista, caso houvesse algum
contra-contra-espião na área). </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Abaixo, o desenho de uma forca. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E na parte inferior, lia-se:</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
SE VOCÊ NÃO APARECER, </div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
O ENFORCADO SEREI EU.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Todos que passavam, acharam que aquele era algum ato insano
de paixão e que o pobre homem teria que se casar com outra se esse amor não
fosse correspondido. Também podia ser alguma "pegadinha", ou ainda um
novo realitishou. Na verdade, nada naquele homem parado ali fazia muito
sentido. O fato é que começou a juntar gente em volta dele. Todo mundo olhando
para o portão de saída, sem saber bem o porquê. Como a causa dessa manifestação
tresloucada não se manifestasse, uma mulher abanou a mão e disse que se chamava
Muriana. Outra mais adiante gritou Murilena. E logo se ouviu um Muristela ao
fundo. Teve até uma Murítima. E chegaram a aparecer candidaturas de um Murilson
e mesmo de um Muricleiderson, jurando que esse era seu nome verdadeiro e
disposto até a mostrar o RG. A essa altura, só se ouvia “Beija-Beija-Beija”. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Seu contato, que não era louco nem nada, tirou a jaqueta do
safári e saiu a paisana. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Anoitecia e nosso herói viu seu futuro atropelado em frente
ao Jardim Zoológico. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-77868562979440698222011-05-09T15:49:00.000-03:002011-05-09T15:49:14.367-03:00Novelo<div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 17px;"></span></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;">Pela Nhambiquaras, acho que vai mais livre do que pela Ibirapuera Xi, essa aqui é contramão Tsc, não era hora pra ter conserto e caminhão parado Não tem guarda, vou entrar devagarzinho Vai, seu molenga Tá procurando vaga bem na minha frente Anda logo, está tudo lotado Pela direita, acho que eu chego lá Pô, desculpa, não deu pra desconfiar que foi sem querer, cacete? Oh, seu guarda, se eu for por aqui, ei, seu guarda... Ei Bem, talvez um pouco de som ajude *Dicas para ser feliz** Seja ético Estude sempre e muito Acredite sempre no amor Seja grato a quem participa nas suas conquistas Eleve suas expectativas Não tem jeito, vou chegar tardíssimo Eu ligo e aviso que estou presa no trânsito Eles vão entender Cidade grande é assim mesmo Se não entenderem, eu levo umas flores... ou um bolo Também posso dar uma desculpa, tia doente sempre ajuda nessas horas Cresce e fala a verdade Saí atrasada porque estava acertando a sobrancelha Melhor mentir Curta muito a sua companhia O que a senhora disse? Largo Treze? Não, não sei chegar lá, sinto muito Tenha metas claras Ai, essa letra não sai da minha cabeça e eu não lembro a melodia *Tell me how does God choose? Which prayers does He refuse? *** Nã nã nã Não La La La Oh, caramba Cuide bem do seu corpo É, olha o que eu ganho por acertar as sobrancelhas Nã nã nã Droga De que adianta este GPS se eu não saio do lugar Declare o seu amor Amplie os seus relacionamentos profissionais Seja simples Esquerda ou direita? Rápido Por aqui... parado também Moço, me dá uma água por favor Moço, ei Pensando bem, me vê duas Quanto é? Uma por 2,25 e duas por 5,50? Como assim, foi o Sérgio Naya quem te ensinou cálculo, fala sério Nã nã nã Ai, some Tô mais perdida que surdo em bingo E atrasada Ai, se eu perco essa conta Por falar em conta, por que eu fiquei só com 15 reais se a água custou 4,50? Não imite o modelo masculino do sucesso Tenha um orientador Liberte-se do vício da preocupação O amor é um jogo cooperativo Do que esse cara tá falando? Se eu me livrar do vício, não vou poder jogar o jogo do amor Vou usar essa na reunião Um pouco de humor sempre agrega Tenha amigos vencedores Diga adeus a quem não o(a) merece Resolva! Aceite o ritmo do amor Meu, do que que esse cara tá falando? Não, guri, não tenho trocado Não, nem 10 centavos Celebre as vitórias Se eu conseguir escapar deste engarrafamento, já me dou por vencedora Nã nã nã Caramba Perdoe! Só se for o autor deste troço Arrisque! É, olha a multa que vou ganhar por ter entrado naquela contramão Tenha uma vida espiritual Muita paz, harmonia e amor Cara, eu vou desligar esta joça, antes que ele diga que se não der certo é porque eu não tentei o suficiente Tentar o rádio *A mãe biológica dele seria portadora de esquizofrenia e somente alguém com uma séria patologia mental cometeria crimes com tal crueldade**** Logo cedo? Melhor não Este outro CD, talvez Poesia? Não tem música neste carro? *Cada vez mais para dentro Mais sem saída Mais sem ar Mais úmido Eu te cuspo Te sujo Te uso Te escuro Te acuo Te esgano Te estupro Te esmago Te prendo Te proíbo Te oprimo Te obrigo Te agrido Te aperto Te anulo Trapaceio Te desprezo Te ignoro Te destrato E só assim te atinjo Não me fascino* *E não me satisfaço**** *Aaaaahhhh Melhor espiar um livro, já que até o motor do carro eu desliguei *Eu pensava que a palavra tem que servir.. Uma vez eu disse que destruiria minha pena no instante em que a percebesse gratuita, liberta de intenção de servir alguma causa ou alguém... Devia ter quebrado minha pena várias vezes...****** Nã nã nã </span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><br />
</span></div><br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> *</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><a href="http://www.google.com/url?sa=D&q=http://clubdovendedor.com.br/2011/02/11/shinyashiki-dicas-para-ser-feliz/" target="_blank"><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 115%;">http://clubdovendedor.com.br/2011/02/11/shinyashiki-dicas-para-ser-fe...</span></a><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 115%;"> </span></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 115%;">** Verso da música “Day after tomorrow”, do glorioso Tom Waits. <br />
</span><a href="http://www.google.com/url?sa=D&q=http://www.tomwaits.com/songs/song/260/Day_After_Tomorrow/" target="_blank"><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 115%;">http://www.tomwaits.com/songs/song/260/Day_After_Tomorrow/</span></a><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 115%;"> </span></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 115%;">*** Frase extraída do Jornal da Globo de 8 de abril de 2011 <br />
**** poesia péssima que eu mesma escrevi de propósito <br />
*****Citação de Mario de Andrade</span></span></div>Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-23475742577915432242011-04-21T18:04:00.002-03:002011-04-23T22:35:54.816-03:00BFF*<span style="font-family: Calibri;">GENTE CLICHÊ</span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">A cena começa com um homossexual assumido, sentado em um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">boudoir</i> com mais dourados do que recomendam as revistas de decoração. E plumas, vermelhos, almofadas, franjas. O ambiente recebe luz indireta e vêem-se vidros de cristal sobre um aparador e uma penteadeira em estilo francês usada como bar, emoldurada por um grande espelho <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bisoté</i>. Na parede do fundo, uma montagem com nove fotos do rosto dele em cores cítricas à Andy Warhol. Mireille Mathieu canta baixinho; depois dela, virão Edith Piaf, Jacques Brel e Nina Simone. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Aconchegado numa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">chaise</i>, veste roupas de tecidos leves enquanto aguarda a chegada de um amigo para o chá. Tem anéis de ouro nos dedos e calça chinelas de seda. Na mesinha ao seu lado, uma foto emoldurada da mãe. Sobre a mesa de centro, uma bandeja onde se vêem duas xícaras, um bule coberto por um abafador indiano, saquinhos de adoçante, um potinho de porcelana com cubinhos de açúcar e um prato com delicados <i style="mso-bidi-font-style: normal;">petit-fours</i>. Ah, e um livro de Robert Mapplethorpe. </span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">O amigo entra esbaforido, abrindo a porta de forma dramática. Veste camiseta branca básica, jeans de marca e tênis casuais com detalhes <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fashion</i>.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Bi, tô vindo do petshop. Olha só! Fiz as unhas, hidratação no cabelo e uma tinturinha, que ninguém é de ferro, não é moamorr?</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Esse tom ficou lindo. E vai combinar super com sua roupa, quando você for ferver à noite.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">E você não vai? </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">O anfitrião serve o chá para ambos, enquanto o visitante brinca, divertido.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Como dizia minha amiga Christine Yufon, para segurar a xícara, são dois em pinça e três em leque.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">O anfitrião olha para os lados, prestes a revelar um segredo.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Encontrei aquele bofescândalo hoje na Benedito Calixto. Acho que vamos nos ver mais tarde.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Mas você não vai partir pra cima dele, né? Bicha burra nasce morta. Acho uó.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Ai, me erra, Laleska.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Incomodado com o rumo da conversa, o anfitrião muda de assunto. </span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Olha o livro que eu comprei. Mapplethorpe, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">superhype</i>.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Bem, você sabe que eu adoro ler, mas não livros. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Sorri, faceiro. O outro gargalha alto, apoiando os dedos de leve no pescoço, como se sobre um colar de pérolas.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">E o que você lê, bagaceira? Cartaz de “Procurado vivo ou morto”? Preço <i style="mso-bidi-font-style: normal;">off</i> em liquidação na Louis Vuitton?</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Ai, desaqüenda, mona. Vamos ver o tal livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">superhype</i>... (um longo silêncio)... Aaaai, meus sais! Me deixa olhar com calma.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">A cada página virada lentamente, um suspiro e um comentário.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Mmmmm, não, muito fraquinho. Alôca.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Babado confusão.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Ah, este aqui, eu faria. A Bete faria!</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Ai, tô passado!</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">A campainha soa, tirando os dois amigos do enlevo. Um poodle tosado segue aflito em direção à porta da frente. O dono da casa ralha com ele:</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Calma, Giorgio. Papai vai atender.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Entra uma mulher, meia-idade, divorciada, deprimida e que se define como sanguínea. É a vizinha, que ouviu vozes e tocou em busca de companhia. Veste bermudas e uma camiseta onde parece ter respingado água sanitária. Arrasta atrás de si um leve aroma de cebola. Abraça o anfitrião longamente.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Ai, meu amigo. Que bom te ver. Eu te amo tanto.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Segura o rosto dele com as mãos em taça enquanto sorri triste. </span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Você tá tão lindo...</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Seu rosto, emoldurado por cabelos desgrenhados, as raízes embranquecendo e sem maquiagem, fica ainda mais acabrunhado. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Abraça-o mais uma vez. Afetuoso, ele a convida a se sentar e vai para a cozinha em busca de mais uma xícara, seguido pelo alegre cãozinho engravatado.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Ela estende uma mão débil para o visitante e se apresenta. Permanece assim por tempo demais e, ainda sustentando a mão dele, diz que sentiu uma vibração.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Você é uma pessoa linda. Posso sentir isso só te tocando. Sua alma é luminosa e seu caráter virtuoso... Er, eu sou sensitiva, entende? Desculpe se eu fui muito afoita.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">O outro logo se interessa e, quando o anfitrião retorna, ela já se aprofundou em detalhes das dificuldades que ele experimentou na vida, de sua determinação para ser feliz e do futuro especial que o aguarda. Ele está encantado.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Ai, bi. Somos BFF. Amigas para sempre!</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Oh, posso te dar um abraço? É esse impulso que me veio quando toquei sua mão. Às vezes, sinto necessidade de abraçar as pessoas.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Eles se enlaçam enquanto ela prossegue.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Acho que eu te amo muito. Eu sinto isso.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">O telefone dela toca. É o ex. Algo sobre um depósito que ela pediu a ele e ainda não foi feito. Ela fica em longos silêncios e responde por monossílabos. Lá pelas tantas,</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Mas querido... eu sei... tem razão... É, É, É QUE EU AINDA TE AMO. VOCÊ ENTENDE ISSO? Sabe o que eu estou passando? Me ouve! Eu-ain-da-te-amo. Entendeu agora?</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Desliga o telefone e desaba no sofá. Alguém lhe oferece um lenço de cambraia. O anfitrião vai até o toucador feito em bar e traz um copo baixo com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">whiskey </i>e algumas pedras de um gelo que milagrosamente estava ali em cima há horas, sem derreter. Abatida, ela recusa e culpa os remédios.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Ai, que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bas-fond</i>.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Babado fortíssimo. (mais um longo silêncio) Mas você precisa reagir, mulher! Você é uma leoa. Tem a coragem dentro de si. Vai dar a volta por cima. É cabeça erguida. Bofe nenhum vai te derrubar. E vamos dar um jeito nesse seu cabelo, que está uó. Você não quer ser vista assim, não é, moamorrr? </span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">É isso mesmo. Tá parecendo uma bolacha** caminhoneira, mas com uns retoques, vai ficar uma luxa. Se joga! Ai, e troca essa música, naja. Vamos ouvir algo mais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">up</i>. </span></div><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Que tal Gloria Gaynor? </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Jovial, o visitante bate palmas! E passa a agitar os braços e cantar junto com o disco, tentando mandar uma mensagem para a mulher.</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">I am what I am / and what I am needs no excuses</i>…</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-ansi-language: EN-US;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span>Ela enxuga as lágrimas, faz biquinho e diz:</span></div><br />
<div class="MsoListParagraph" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt 18pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-family: Calibri;">Eu amo vocês!</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm 0pt;"><br />
</div><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><span style="font-family: Calibri;">*Best friends forever<o:p></o:p></span></span></i><br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><span style="font-family: Calibri;">**lésbica</span></span></i>Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-60077415800574681442011-03-17T16:55:00.000-03:002011-03-17T16:55:09.393-03:00De MortePronto. Era a morte que tocava meu ombro bem de levinho pra não assustar. Eu achei que era naquela hora que começava o flashback que se vê em filme. A primeira coisa que me ocorreu foi um vinil com “Chiribiribi quá quá” tocando alto numa vitrola em 45 rotações. Não era bem o que tinha em mente, mas vá lá. Acho que a gente nunca planeja esse momento com precisão. Agora vai assim mesmo. A verduga da desvida já tinha apoiado a foice numa cerca, pois notou que ia demorar. E o Ary Barroso continuava sem vacilar: “Chiribiribi quá quá, Chiribiribi quá quá...”. Aquilo parecia não ter fim. Puxei pela memória e vi que nem ao menos conhecia a canção. Talvez fosse uma mensagem! Essas coisas acontecem, provavelmente antes do túnel por onde a gente tem que seguir até ver a luz. Comecei a prestar atenção na letra: <br />
<br />
“Pra que juiz marcar o jogo entre nós dois <br />
se vale ‘foul’, vale ‘offside’ e bofetão; <br />
É melhor o juiz lamber sabão; <br />
Oh! O juiz, o juiz é um ladrão.” <br />
<br />
Não, não. Devia estar no canal errado. Esse recado não era pra mim. Mesmo tendo nascido na terra do futebol, entendia xongas do valente esporte bretão! Ou será que a mensagem era que eu devia ter aprendido a jogar futebol? Tarde demais. Também podia ser outra coisa: quando chegasse no fim do túnel, perguntar pro Ary se nunca tinha ouvido falar em rima rica. Por via das dúvidas, memorizei esse recado. Não custava nada, já que eu estava indo para lá mesmo. <br />
<br />
Minha mente vagava; pareceu que eu ouvia um silêncio de anjos. Não, não merecia. Era a música que começava a sumir. Pensei: Existe um Deus! Mas por falar em Deus, em vez do tal flashback, comecei a lembrar de uma piada em que o Altíssimo resolveu descer à Terra para cobrar pelo uso indevido do seu nome. Afinal de contas, Santo Antonio, São Pedro e os outros tops estavam riquíssimos só pela cessão de direito de uso de seus nomes para mercearias, igrejas, times de futebol, bairros inteiros! E Ele tinha avisado em Mandamento e tudo mais que o Seu nome não era pra brincadeira. Quando já estava com as malas prontas, São Francisco vaticinou que era melhor não, pois o que mais se ouvia por aqui era “Deus lhe pague” e tudo que o Divino ia encontrar eram dívidas. <br />
<br />
O pior é que eu não conseguia rir. Será que não tinha entendido a piada? Pensei em contar de novo pra ver se o ritmo melhorava, caprichar na interpretação... Debruçada num mourão da cerca, a mórbida visitante, seca feito um varapau, já estava cochilando, com dor nos quartos e um calor tremendo daquela roupa preta comprida que era obrigada a vestir. Agora, eu pensava que devia ficar triste por não poder mais gozar a vida. Aí, lembrei que não tinha sido tão boa assim... Mas também não via motivos pra ficar contente por acompanhar a Danada. <br />
<br />
O tempo foi passando e eu sentindo uma fominha. Uma pizza talvez! Saideira. Perguntei se a morte queria rachar uma pizza de calabresa e uma coca litro. Ah, e se podia financiar o lanche e me emprestar algum, pois tinha vindo despreparado. Nem uma troca de roupa, uma cueca limpa, uma escova de dente! Ela, provavelmente por problemas de fígado pelo estresse da profissão, não demonstrava o menor vestígio de senso de humor. Me lançou um olhar venenoso enquanto continuava com aquela cara de bunda sem lavar. Certamente faltava-lhe uma válvula de escape – um esporte de várzea, quem sabe? Ela só grunhia. Mas será o Benedito? Ao pronunciar esse nome, lembrei que tinha ficado com o casaco do Benê. Precisava ir lá devolver. O negão é friorento e vai me matar! Saí correndo e a morte atrás de mim. De longe, o Benê me viu, ficou branco, se benzeu e deitou o cabelo – fugiu levantando poeira. E eu atrás. E aquele ícone do fim agarrava o saiote de sua veste negra e vinha acelerada me perseguindo com suas canelas descarnadas. <br />
<br />
Uma luz forte surgiu a minha frente. Pá! Até que enfim! Era o dono da pensão que abriu a porta, coçou o saco e murmurou “seis e meia”. Deixa eu levantar e devolver a japona do Benê antes que...Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-57485145782119565782011-03-02T01:11:00.000-03:002011-03-02T01:11:49.094-03:00Malandro é o Curupira, que faz Gol de CalcanharO leão e a leoa viviam às turras. Brigavam por causa da caça, da limpeza do covil, do banho dos filhotes. <br />
<br />
Naquele dia, não tinha sido diferente e o leão saiu batendo a porta da caverna. Andava pela mata dando patadas em tudo que encontrava, urrando para todos ouvirem. Ela lhe dava nos nervos, mandava fazer isso, proibia de fazer aquilo. E ele posando de rei. Roar! Correu muito até se cansar. Deitou-se no galho de uma jaqueira e ficou ali parado, até que desaparecesse a vontade de extrair os pelos dela com uma pinça. <br />
<br />
Foi então que um ratinho desavisado passou por cima do galho, carregando o butim de sua campanha num acampamento próximo. O grande felino segurou-o pelos quartos traseiros até quase esmagá-lo, embora não quisesse promover nada rápido demais, nem definitivo. Centrou todo seu ódio no pequeno roedor, gritando: “Criatura insignificante, ralé dos seres vivos, sarjeta da mata. Você é nada, só não o destruo com um dedo mínimo porque você é a escória e eu tenho nojo de tocar suas entranhas e me tornar qualquer coisa próxima de você.” <br />
<br />
Nessa hora, o rabinho que o pequeno larápio tinha mergulhado no pote de maionese foi de grande utilidade. Espremeu-se por entre os dedos poderosos da fera imensa e correu para a ponta de um galho frágil, não muito distante. Satisfeito com sua artimanha, pôs-se a galhofar, imitando a voz do leão em sua fala miúda, dizendo: “Eu é que sou o rei da floresta. Você só tem pose, juba e”, esfregando o rabinho, completou, “patas fortes. Mas é burro feito um asno”. Desceu da árvore, correndo desembestado. <br />
<br />
Atrás dele vinha o leão irritado e com o orgulho ferido. <br />
<br />
Para provar sua teoria da estupidez do leão e, simultaneamente, demonstrar todo o conhecimento adquirido nos inúmeros livros que roera, o ratinho sentou-se sobre uma pequena folha no meio do lago e gritava teoremas pela metade, verbos no futuro do pretérito composto, fórmulas insolúveis, trechos da tabela periódica, nomes de minerais, capitais de países da Europa Oriental.<br />
<br />
O leão rugia: “Quando eu te pegar, vou fazer picadinho, sua ameba tagarela!”<br />
<br />
Desta feita, o espetaculoso sentara-se no alto de outra árvore e ria com as canjicas de fora. Às suas costas, ouviu um rosnado baixo. Era a leoa, que o comeu de um bocado.<br />
<br />
Contradizendo a linha da ficção adotada por autores do século XXI, que afirma que todos os textos contemporâneos que abordam romances terminam em separação ou em um momento rotineiro que permite várias leituras, o casal de leões viveu feliz para sempre.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-10867610975567719562011-02-26T01:11:00.000-03:002011-02-26T01:11:07.911-03:00Na Moita– Ai, que susto! Não vi que tinha alguém aí na penumbra. Vamos ficar <br />
bem quietos para que a onça não perceba nossa presença... Tem hora <br />
que é melhor se fingir de morto, concorda?<br />
– Grrr...<br />
– É mesmo. Dá muita raiva. Pelo jeito, essa onça já vem assustando – <br />
e comendo – os animais daqui há bastante tempo. A gente se sente <br />
castrado diante de tanta violência e impunidade.<br />
– Arf arf.<br />
– Entendo. Também já me cansei desta vida de fugir de predador. <br />
Mas sem ter competências de agressividade e reação, tudo que nos <br />
resta são a fuga e o esconderijo. Passamos e viver entocados, <br />
imundos, na escuridão, com o coração agitado e as patas trêmulas. <br />
A propósito, este aqui não é o meu habitat. Você sabia que eu nasci <br />
e me criei no circo? É por isso que ainda tenho essa tonalidade <br />
levemente rosé nos pelos... Gostou?<br />
– Grrr...<br />
– Ora, se não gostou, as regras de etiqueta ditam que basta se calar, <br />
sorrir e fazer um aceno com a cabeça. Não precisa tanta <br />
agressividade, tanta rudez animalesca!<br />
– Uauau.<br />
– Melhorou. Viu como é fácil agradar uma dama? <br />
(Coça, coça, coça)<br />
– Quer que eu te conte como vim parar aqui? Pois bem, a gente <br />
<div> estava em turnê pelo interior do país – fazendo muito sucesso, </div><div> eu devo confessar. Um dia, nosso caminhão seguia em </div><div> velocidade ribanceira abaixo, passou por um buraco imenso e </div><div> eu caí da boleia. Ninguém ouviu meus gritos e... aqui estou. Veja </div><div> o meu pelo, está perdendo a cor e já está quase branco, tsc.</div><div>(Coça, coça, coça)</div><div>– Ai, pelas barbas de São Francisco! Eu, instruída, de tradicional </div><div> linhagem de poodles, venho me ocultar numa caverna fétida e, </div><div> ainda por cima, com um simulacro de cachorro-do-mato sem o </div><div> menor verniz. Você não para de coçar a orelha, cheirar o pé e </div><div> lamber as partes pudendas... Dá para melhorar os modos? Só </div><div> um pouquinho? Que falta de touché... Além do que, o respeito </div><div> é bom e poupa os dentes. </div><div>– ... </div><div>– Você não é de muito falar também. Escuta, lá na jungle, você não </div><div> aprendeu nada a não ser rosnar, latir, fungar e vociferar?</div><div>– Auuuuuuuuu...</div><div>– E uivar pra lua?! Shhhh. Aí, você já passou dos limites! Cala a boca </div><div> antes que ela te escute. Sit! Good boy. Ai, como dizia Proust, “onde </div><div> fui amarrar meu jegue.”</div><div>– ... </div><div>– Melhor assim. Fica aí de papo pro ar, refrescando as miudezas e em </div><div> silêncio, que é mais seguro.</div><div>– ... </div><div>– Hummm. Assim que o vi, notei que você tinha o cérebro de um </div> protozoário, mas agora, pelo menos, está parecendo... sei lá... <br />
gostosão. Tem bicho que tem barriga, mas isso aí é um <br />
abdômen! Qual academia você frequenta? Pilates, acertei?<br />
– Barf barf.<br />
– Não conheço esse método. Alemão? ... Bem, está ficando frio aqui <br />
dentro. Chega pra lá que eu vou me sentar bem pertinho de você... <br />
Assim... Pronto, viu? Agora, um aquece o outro e a gente vai se...<br />
– Nhoc... Blurp... E viva a cadeia alimentar. Vamos ver quem vem lá.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-24013025327603738082011-01-30T20:10:00.003-02:002013-04-17T16:56:07.941-03:00Isso deve querer dizer alguma coisa...Não é conto nem lenda. É a mais pura verdade, acredite quem quiser. Isto posto, segue a história.<br />
<br />
Uma vez, fui a um casamento. Na hora de jogar o buquê, a noiva, muito minha amiga, olhou para trás, tentando se assegurar de onde eu estava. Virou-se de costas e jogou. Lá vinha ele em minha direção. Ergui os braços e quando tinha as flores quase na ponta dos dedos, passa uma freira feito um corisco. Ela agarrou o buquê e correu como jogador de rúgbi. A noiva arregaçou o vestido até os joelhos e lá se foi aos pinotes atrás da freira. Mas a essa altura, não valia mais – o buquê estava jogado e, o pior, pego. E a sentença proferida: eu ia ter que esperar uma freira se casar primeiro... Veja bem, não falo isso com ressentimento ou dor - não trocaria minha vida por outra. Essa história é surrealmente divertida.<br />
<br />
Nunca mais entrei nesse jogo tradicional. A cada casamento, me chamavam para participar e eu até me juntava ao grupo, mas nem me dava ao trabalho de erguer os braços. E ainda dizia que o único sorteio que tinha ganhado era o do meu primeiro carro no consórcio – pagando o resto das prestações, é claro. E tinha a história do buquê e da freira. Isso faz mais de vinte anos.<br />
<br />
Ontem fui a uma festa. Na hora do buquê, fui fazer volume no grupo da mulherada outra vez, só para não arranjar inimizades, até porque amo muito aquele casal. Fiquei bem no fundo, evitando a cotovelada de alguma companheira mais afoita. Lá da ponta, ela se virou e jogou. Ele vinha bem alto e... caiu aos meus pés. Não tive alternativa, finalmente agarrei o buquê. <br />
<br />
Ocorre que a festa era de bodas de prata . E as flores? Bem, rosas e ... suspiros. Poético, não?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-38395008260176381122010-10-27T17:59:00.000-02:002010-10-27T17:59:11.801-02:00Segundo turno<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Segundo as runas na leitura da bruxa, </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Os juros esdrúxulos rumo ao cume e os números voluptuosos emolduram as urnas</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">O matuto impune perdura qual abutre no púlpito </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">E o cardume de gatunos corruptos triunfa </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Juras na tribuna figuram qual recursos de conduta </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Abundam calúnias, pedregulhos, macumbas </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">O orgulho chafurda no perjúrio da bússola sem gume </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Nenhuma culpa, nenhum escrúpulo</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Afundam a cultura e o rumo</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Por costume, pulsam perguntas, dúvidas, repúdio, repulsa</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">O futuro madruga soturno sob nuvens plúmbeas</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-weight: normal;">Mas segundo Antunes, o pulso ainda pulsa.</span></div>Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-68502846570290984882010-10-20T13:12:00.000-02:002010-10-20T13:12:45.316-02:00JanelaLá adiante, o olhar a partir do balão<br />
Cá dentro, a clausura de freira<br />
Fora, o pé que chuta a porta<br />
Aqui, os olhos paralisados na barata<br />
Ali, o focinho do rato pra fora do bueiro<br />
E aqui, a escuridão sem legendas<br />
Ao fundo, o passeio com Platão<br />
Aqui dentro, a estrada sem mapa<br />
Ao longe, a placa traseira do carro encolhendo<br />
Fechada, a mão na mão do amigo<br />
Na superfície, o herói sem escudo<br />
Por dentro, o vão entre o coração e a boca do estômago<br />
Ao longe, música que aquece a alma<br />
E aqui, a galinha com o pescoço destroncado<br />
Fora, os ingredientes que ainda não são bolo<br />
Na intimidade, um olhar de garantias <br />
É um torno que esmaga o coração<br />
E um bilhete de loteria no bolso da calçaElidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-77017308385186671472010-10-08T00:42:00.001-03:002010-10-14T07:21:58.265-03:00Aliterando P e BNós partimos aboiando<br />
Na bota, barro<br />
Na aba do chapéu, pó<br />
No campo plantado, poeira<br />
Sapoti, goiaba, cambucá, jenipapo, mangaba. Podre, parecendo pedra.<br />
Apeamos dos potros a repousar a boiada.<br />
Ali no acampamento, rabisco de bezerro<br />
Pretérito de boi<br />
Nas bezerras, úberes parecendo peroba<br />
Por perto, aboletados, urubus e répteis<br />
Expulsos o pardal e a pomba-rola.<br />
A tropa de burros porta sobras, pinga, tempero, carabina e chumbo. Só.<br />
Habitação não há.<br />
Sem sabão sem sabonete. Suor.<br />
Os capangas são só rebotalho.<br />
Sem apologia da súplica cabocla<br />
Também sem roubo e sem briga.<br />
Sem rapsódia, sem rapto das Sabinas<br />
E nós abestalhados, abilolados, aborrecidos.<br />
Tem vez que dá apetite de empunhar a espingarda<br />
Dar uns pipoco de bala de prata. Sem rubor, dar o bote, o rebote.<br />
Abordar, aborrecer, irromper.<br />
Romper com o perpétuo, com os vampiros, os patronos, os crápulas<br />
Os pernósticos pastores, rabinos, padres<br />
Com a biografia pré-cambriana que nos embalou<br />
Replicar, correspondendo à reputação do pobre diabo<br />
Substituir obsolescência por compromisso<br />
Preponderar.<br />
Resplandecer a poder de plumbum. Por que não?<br />
Pois não, pois sim, pois é.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-1170400028527302302010-09-29T23:50:00.000-03:002010-09-29T23:50:34.281-03:00Aliterando PUm estampido no parque<br />
Policial apressado<br />
Pessoas apavoradas<br />
Perguntas imprecisas<br />
O suspeito aprisionado<br />
Emparedado pelo povo<br />
Implorava o perdão dos passantes<br />
Apresentava porquês sem porquê<br />
Sob a pilastra, uma panela, um pombo e uma espiriteira<br />
Patético.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-25443760949342914462010-09-05T02:40:00.001-03:002010-10-08T00:45:14.261-03:00Uns empilham tijolos, outros constroem catedraisO João pinta a nossa casa desde que eu era pequena. Mineiro, ri muito e fala pouco. Pinta as paredes, portas, muro. Era casado com uma empregada, a Luzia. Foi assim que a gente se conheceu. Todo ano ele está lá. E não só pinta, mas também desentope calha, pendura quadro, mata rato, joga veneno para cochonilha na jabuticabeira. Sempre, se a gente fosse viajar, deixava o João pintando a casa. E se a gente fosse pintar a casa, aproveitava pra viajar. Ele toma conta do cachorro, acende a luz da frente, água as plantas. E todo ano, visita o túmulo do meu pai no dia dos pais.<br />
<br />
Um dia, sobre a mesa, havia o folheto de uma exposição do Volpi. Acho que foi no ano passado. João apontou para a ilustração e, meio desinteressado, disse: Volpi. Eu perguntei se ele o conhecia. Ele disse: Claro, mas você não deve conhecer, pois ele já morreu. Achei engraçado e falei do grande pintor, de seu trabalho importante, seu reconhecimento internacional. João riu desdentado e falou: Eu trabalhava com ele. Incrédula. A gente pintava murais. Fizemos um bonito no Hospital São Luiz Gonzaga. Era estranho, pois ele é muito gozador, mas parecia falar sério. É claro que eu fui consultar o Dr. Google. E lá estava. Pintura de dois murais na ala da maternidade do hospital. 1949. Voltei. Explica isso aí direito! Ele fazia uns murais e eu ajudava. Ele disse que ia me ensinar o mais importante, que era misturar as tintas. Eu ia poder pintar meus próprios murais. Nessa época, eu fui chamado pra trabalhar numa empresa com carteira assinada, pra pintar paredes. A Luzia estava pra ter o Romildo. Fui embora. E tem mais uma coisa: o velho queria que eu torcesse para o Milan e você sabe que eu sou corintiano. Com isso não se brinca.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-1377193814782140232010-09-03T11:01:00.000-03:002010-09-03T11:01:36.724-03:00Água (ou Num Laivo de Benquerença)Ora vem como goteira<br />
Às vezes, qual tempestade<br />
Tem dias em que é dor pouca<br />
Mas pode ser rasgo na alma <br />
<br />
Gota a gota, enche o peito<br />
Castiga como enxurrada <br />
Aí, dos olhos escoa <br />
É enchente, é chuvarada <br />
Vai, arrasta, esfarrapa<br />
Não escolhe afeto nem mágoa<br />
Leva tudo pela encosta<br />
Só deixa terra arrasada<br />
<br />
Com pouca desfaçatez<br />
Você vem ver o que resta<br />
Erodido, seco, mirrado<br />
Seu riso árido qual vala <br />
<br />
E eu peço a você que chova <br />
Que garoe, que chuvisque<br />
Quem sabe um leve borrifo?<br />
Imploro que acabe o estio.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-4038951110805382082010-06-25T20:33:00.001-03:002010-06-25T20:36:45.060-03:00EngolesaposEra protagonista. Foi a última a se unir ao grupo já de mãos dadas. Os olhos pintados de azul combinavam com o vestido de princesa. Os olhos não miravam o público. Em sua cabeça, além da coroa, uma frase martelava – Yes, he is a frog and I invited him to live here in the castle – justamente o ponto onde se deslindava o emaranhado da trama. Ao seu lado, o menino vestido de sapo sorria e acenava para a mãe. Claro, ele tinha se lembrado de todas as suas falas. Sim, ele é um sapo e eu o convidei para morar aqui no castelo – justamente quando mais precisava lembrar. Deu branco. A voz de sua tia ficava repetindo por cima da frase – relaxa, pois a gente faz bobagem desde que nasceu e vai continuar assim até ficar velhinha; a gente acerta tantas outras coisas. Não adiantava nada. Ela tinha o resto da vida para fazer bobagens e aquela era a pior de todas as horas. Não importava se havia legendas no fundo do palco, não importava se a coordenadora do curso ia dizer que tudo bem. Ensaio, ensaio, decoreba, ensaio com figurino, convite à família, um livro para usar em cena, trouxe as meias? maquiagem cabelo prende bem a coroa estamosatrasadasnãoesqueceo sapatofiquemaínofundoquietinhosqueaplateiatálotada Yes he is a frog... merda. Merda!<br />
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Ela segurou a mão do menino-batráquio sem muita convicção. Os olhos pregados ao chão. As costas custaram a ceder. Os ombros se curvando para a frente como folha em fim de incêndio. Os lábios delatores recusaram os dentes. A cabeça coroada enfim tombou.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-51213166789717955322010-06-10T15:26:00.000-03:002010-06-10T15:26:25.459-03:00Agramatismo* anfractuoso**Ora, é porque a gente mora numa terra cheia de brasileiros que falam a língua portuguesa, calculam com algarismos arábicos, adotam o alfabeto romano e o sistema métrico decimal. É porque a nossa música mais popular descende de uma fusão entre a valsa vienense e o lundu africano. Também porque nossa culinária é – com o perdão do trocadilho – um caldeirão salpicado pelos seis continentes. E nosso dicionário é sempre mais grosso que os demais. Inesperado seria esse povo viver seco de criatividade. Isso nunca! Não um povo que abrange Stanislaw Ponte Preta, capaz de versos como <em>“...E foi proclamada a escravidão / Assim se conta essa história / Que é dos dois a maior glória / Dona Leopoldina virou trem / E D. Pedro é uma estação também / O, ô , ô, ô, ô, ô / O trem tá atrasado ou já passou”.</em> Mas contenha a emoção, cara Noemi. Tem mais. Sempre tem mais.<br />
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Historicamente, os compositores brasileiros adoram fundir letra e música sem jamais economizar no verbo. Ary Barroso já nos brindou com <em>“meu mulato inzoneiro”.</em> Talvez o tal mulato tivesse preguiça, estivesse zonzo ou uma mosca da malária rodeasse sua orelha. Mas que importa a minúcia na descrição do pobre diabo? Ary tentava exprimir seu amor por um povo e uma nação. De fato, nunca haveria palavra que bastasse. E a Aquarela se perpetuou, inzoneira e tudo. Não me venha com Jakobson e a teoria de que isso tem função explicativa. Isso é onomatopéia!<br />
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Aí, veio o Ataulfo Alves, dizendo à pobre mulata assanhada que a pretoria resolvia a questão. Altamente preconceituoso. Em tempos mais contemporâneos, o incauto compositor sempre teria a chance de corrigir o termo para “<em>afrodescendentía</em>”, embora houvesse espaço para a defesa, parafraseando Drummond e afirmando que isso não seria rima, seria solução. Muitos certamente iam concordar. <br />
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Mas Ary Barroso voltava à carga em Camisa Amarela, afirmando que <em>“Depois o encontrei num café zurrapa do Largo da Lapa”</em>. A gente fica com a sensação de que o lugar não devia ser luxuoso. Talvez um ambiente mais singelo e pouco frequentado por pessoas que tivessem família. Buscamos o resto da estrofe, desesperados por algum entendimento. E ele vem. <em>“Folião de raça bebendo o quinto copo de cachaça”.</em> Não, de fato não era luxuoso. Mas a estrofe se arremessa na redundância de um breque: <em>“Isso não é chalaça!”.</em> Ah, bom, agora tudo se esclareceu: a culpa é do Torero. <br />
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Nem Arnaldo Antunes escapou. <em>“Peste bubônica/ Câncer, pneumonia / Raiva, rubéola / Tuberculose e anemia / Rancor, cisticircose/ Caxumba, difteria/ Encefalite, faringite/ Gripe e leucemia...”.</em> Como que por milagre, o pulso ainda pulsa. Mas eu estou pegando uma... uma... hipocondria.<br />
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Com o samba do crioulo doido regulamentado, desta vez sem trocadilhos rudes, Gil tinha carta branca para pegar a emblemática “Pelo Telefone” e compor versos como “<em>Um barco que veleje / Que veleje nesse infomar / Que aproveite a vazante da infomaré / Que leve um oriki do meu orixá/ Ao porto de um disquete de um micro em Taipé...”</em><br />
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Por mais que isso seja deliciosamente contraventor, tudo sempre podia piorar. Quem manda ter tantas palavras e tão poucos professores de oratória? Ou otorrinolaringologistas? Há casos em que a gente não entende o que o intérprete diz, fato que pode gerar neologismos ou uma confusão dos diabos. Como quando um amigo insistiu que o mesmo Gilberto Gil compusera <em>“Sapo butimilho é gente, o sol nascente é tão belo/ Sítio do Picapau Amarelo”.</em> Ou eu mesma, crente que, em “Como nossos pais”, Elis Regina cantava <em>“mas é você que é malpassado e que não vê que o novo sempre vem”.</em><br />
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Com tudo isso, como não me apaixonar pelo Chico que, sócio-cotista da língua pátria, ainda faz um mexidão com o francês, <em>“Mata-me de rir, Fala-me de amor / Songes et mensonges Sei de longe e sei de cor / Geme de prazer e de pavor / Já é madrugada / Acorda, acorda, acorda, acord'accord”.</em> <br />
Acorda, amor!<br />
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<span style="font-size: x-small;">* s. m. 1. Vício de pronúncia que consiste na omissão de fonemas. 2. Impossibilidade mórbida de expressar as idéias com sentido</span><br />
<span style="font-size: x-small;">** adj. Cheio de saliências, depressões ou sinuosidades irregulares</span>Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-75901511597087528522010-06-07T06:04:00.000-03:002010-06-07T06:04:28.827-03:00De outro planetaDo nada, um marciano apareceu aqui em casa dizendo que queria ser meu amigo. Perguntou quem era o nosso líder. Eu logo disse que é a minha mãe, mas ela não está. Que está no trabalho, só volta à noite e me mandou nunca contar isso a ninguém. <br />
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Aí, ele quis investigar tudo. É isso que os marcianos fazem depois que dizem que querem ser nossos amigos e descobrem quem é o nosso líder. Para que serve isso? E aquilo ali, o que é? É claro que ele conhecia tudo que é eletrônico; nem precisei explicar – celular, WII, forno de microondas, IPod, Kindle. Ele é extraterrestre e na terra dele tem tudo isso e ainda tem teletransporte, lição de casa que aparece pronta pelo comando das ondas mentais da gente, banho automático enquanto a gente brinca e pílulas de salada verde.<br />
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A primeira coisa que chamou sua atenção foi o capacho. Eu tentei explicar que servia para limpar os pés quando a gente chega da rua, mas ele não sabia nem o que era rua, muito menos o que era pé. Aí, cismou com as taças de cristal na prateleira. Eu falei pra ele não mexer naquilo que o nosso líder matava ele. Foi fuçar numa fotografia da minha irmã e as amigas dela na praia. Perguntou se elas estavam presas lá dentro e se eu queria que ele soltasse todo mundo com um raio Feisertm. Eu falei que era melhor não, pois ia escorrer água salgada em todo o carpete e nosso líder podia se tornar violento. A essa altura, meu cachorro já estava cheirando a canela extraterrestre dele. Eu me adiantei e disse que aquilo era um cão movido a baterias de biscrok e que estava na hora de levá-lo pra fazer xixi na rua. Para não deixar um alienígena sozinho em casa, que eu não sou bobo, é claro que levei o ET junto. Pelo caminho, ele retrucou que eu estava tentando enganá-lo e que, na verdade, nosso líder era o cachorro, pois ele andava na frente e eu tinha que seguir, ainda por cima preso por um couro amarrado ao meu pulso. E limpando toda a sujeira que ele ia deixando. Pois eu apontei o dedo pra ele e lhe disse que, se ele pensava que o cachorro era o nosso líder, era porque não conhecia minha mãe. Quando a gente voltou pra casa, o bicho pegou. Ele quis brincar de ser o líder, talvez pensando em governar o mundo. Eu falei que já tinha gente demais querendo o cargo, mas ele pegou a coleira do Ziggy que tinha ficado lá na porta, amarrou no seu pescoço e prendeu a guia no meu pulso. E saiu correndo pela casa e me puxando. E... quebrou o vaso... Não, minha mãe não vai acreditar nessa...Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-64011263522167457082010-04-09T13:28:00.002-03:002010-04-09T13:28:53.179-03:00ElevadorUm corredor frio qual geleira, estreito e longo, móveis antigos, espelhos cobertos disfarçando almas entregues à desvida, um cheiro acre e úmido com a memória de anos de mágoa e desesperança. Passos esmagados pela escuridão. O mordomo funesto com seu dedo descarnado indicando o elevador, quase uma ordem. A porta fechada num átimo. O ar pouco no espaço exíguo. Subida rápida, parada súbita, a porta aberta. No hall, espectros. O som gutural de sua fala perdido naquelas gargantas mortas. Acenos desesperados, esgares, talvez um alerta, um pedido de socorro. A porta fechada com violência, antes do breve esboço de reação. Ânsia de vômito, respiração acelerada, mãos úmidas, suor escorrendo pelas têmporas. Olhos tateando na escuridão perversa. Mais um tranco. A queda veloz. Um baque surdo e, talvez, o fundo. Escuro. A voz se recusando a sair, agarrada às entranhas. Nova queda. As mãos em busca de algo em que se agarrar. Nada. Uma descida desenfreada até o fundo do fosso. Um estrondo e as portas abertas, quase escárnio. Lá fora, sol e calor desmentindo o ocorrido. Como é que alguém vem até aqui e deixa seus tostões, alegando se divertir?! <br />
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Espera aí! Isso é uma cena do Disney World. Lugares não oprimem. Basta acender a luz, afastar as paredes, abaixar o volume. Mas como tirar o que marcou no passado? A enchente, as baratas, o palhaço do circo, o terremoto, a quebra da bolsa, a professora de matemática, os colegas violentos, o homem do saco, a injeção, o tsunami, a primeira paixão não-correspondida, o pedido de aumento de salário, a recusa da menina em dançar que o obrigou a atravessar o salão sozinho em direção ao riso cruel dos amigos, o parto natural, o discurso no dia da formatura, a blitz com uma ponta, o gol desperdiçado, a morte do pai, o assalto, o casamento desfeito, o pico de inflação, o acidente de carro, as provas escolares, a falta de respeito pelos direitos humanos, o tombo de bicicleta, a tentativa de estupro, o roubo da poupança, as almas penadas, a injustiça, o vestibular, o beijo na avó no caixão... Afora os desastres naturais e as baratas – é claro –, o que apaixona e apavora são as pessoas e as relações entre elas. Relações de poder e relações de confiança. E sempre que uma das partes rompe o contrato, o chão desaparece. Aí sim, a gente cai, como num sonho mau. Descrente, oprimido, inerte.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-41438634553726010072010-03-21T01:12:00.003-03:002010-03-21T03:35:38.112-03:00Alianças- Opa! Já te trago a maquininha. É débito ou crédito?<br />
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- Débito. Nunca se sabe o que acontece no mês que vem. O serviço já está incluso?<br />
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- Sim, muito obrigado... Adorei a sua bolsa.<br />
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[Adorei sua bolsa?!!] Meus olhos preconceituosos correram para sua mão, esperando ver sei lá o que. Encontraram uma aliança de noivado. Que papo gay! Mas agachado ao lado da minha cadeira, ele prosseguiu sereno, indiferente a minha investigação muda, as mãos falando tanto quanto a boca. <br />
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- Todo mundo diz que está em busca de sua individualidade, mas fica tentando ser igual aos demais. Se você pensar bem, hoje em dia, todas as bolsas são parecidas.<br />
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Ele divagava sobre formatos e tamanhos de artefatos de couro, mas as peças em si importavam pouco, milhas aquém de suas conjecturas. Era o Claude Lévi-Strauss da moda. Refletiu sobre essa angústia que, expressa em palavras, parece ferir a alma das pessoas, mas que desaparece nas ações. Ele entendia que, no fundo, todos buscam pertencer a algum grupo, qualquer grupo; e que sentir-se confortavelmente estranho aos demais não é para qualquer um. <br />
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Comentei que é discreta a separação entre esquisitice e transparência, honestidade, abertura – o que hoje chamam de atitude. E que o primeiro olhar é para as diferenças, muito mais do que para as semelhanças. Sua juventude dissipou-se em entendimento. <br />
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- Ah! Como a Lady Gaga. Quando ela apareceu, todos achavam que era estranha. Hoje, é aceita, pois age conforme a sua natureza. Por outro lado, a Madonna está exagerando, soa falso.<br />
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Com exemplos singelos, ele descrevia um mundo. Seus dedos tamborilavam na mesa, como se suas palavras demandassem mais credibilidade. O pouco movimento do restaurante permitia que ele continuasse ali abaixado, em reflexões. E ele ecoava essa mesma transparência que suas palavras rascunharam, expressando a leveza de sua alma. <br />
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Portando mais uma lição de vida na tal da bolsa, levantei-me para ir embora. Estendeu-me sua mão e, com ela, algum outro tipo de aliança. “Volte sempre.” Sua voz trazia mais do que uma despedida formal. “Meu nome é Rony.”Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7729411518101117977.post-6521005364568370002010-03-16T11:48:00.004-03:002010-03-21T01:07:23.620-03:00TrampolimAgora, eu pulo.<br />
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Um salto perfeito, um daqueles bem difíceis que eu venho treinando há tanto tempo, cheio de volteios, um duplo mortal carpado e eu mergulhando quase sem espirrar água. Quando eu fizer aquele movimento com precisão, ao entrar de cabeça na água, todos vão soltar a respiração que vinham prendendo desde que eu saí graciosamente do trampolim e respirar aliviados e sorrir antes de explodir de emoção por ter visto o salto mais perfeito da história dos saltos ornamentais, é sim, e os juízes extasiados vão agitar os cartazes com a nota 10 e me carregar nos ombros até o Carro de Bombeiros para eu percorrer as ruas do centro da cidade envolta na bandeira, acenando para as multidões, e toda aquela serpentina voando como em final de Copa do Mundo com a música do Ayrton Senna tocando bem alto – tã tã tã, tã tã tã – e o chatão do Galvão Bueno berrando ÉéééduBrasiiiiiilllllll. Ah, eu vou extrair aplausos até dos pentelhos da 7ª B, daquelas colegas que riem de mim durante o treino, da babaca da minha prima Michele e da metida da tia Dalva que a inscreveu no curso de modelo e manequim (ai, meus sais!!); talvez até um Oh! do Olavo e um sorriso aprovador da minha mãe – aliás, se ela não sair daqui hoje dizendo que estou desperdiçando meu tempo precioso e o seu dinheiro precioso, já vai ser lucro, além de ser novidade absoluta, é sim. <br />
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Mas se eu fizer o primeiro movimento imperfeito, é certo que vou errar a pontaria, torcer o corpo para o lado invertido, dobrar as pernas, soltar o diafragma, dar mau jeito nas costas, urrar de dor em pleno ar, desmanchar esta merda de coque cheio de grampos que estão perfurando meu couro cabeludo e... e... e tomara que eu bata a cabeça na borda com muita força, é sim – se eu errar o primeiro movimento, vou mirar direto com a minha testa dura na beirada da piscina e acabar com tudo – com a risada das minhas muy-amigas, com a tontice da Michele e da tia Dalva, com o Oh! que nunca será pronunciado pelo Olavo e, é claro, com o olhar de desaprovação da minha mãe, que sempre vem acompanhado de um meneio de cabeça que esconde um “eu te avisei” e é seguido daquele mesmo velho e interminável discurso durante os quinhentos anos que demora para chegar daqui na droga da minha casa. <br />
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Pensando bem, se eu sair pelo menos com a cabeça sangrando e merecendo uma visita ao pronto-socorro e uns pontos, vai ter menos motivo para as risadinhas e os comentários cochichados; é sim, já vou mirar na beirada da piscina de cara – nem vou caprichar no pulo, pois eu sei que vou errar aquele primeiro movimento, sempre ele... isso mesmo, lá vou eu.Elidia Novaeshttp://www.blogger.com/profile/10574331691717265657noreply@blogger.com0